AS DUAS ESPADAS
O evangelho tem
indicado que não precisamos mais sofrer para aprender o caminho de crescer. Ele
tem ensinado e está nos projetando a uma didática nova em cima do aprende e
faz.
Porque se antes
aprendíamos pelo impacto da justiça, debaixo do mecanismo da dor, a boa nova
nos projeta para aprendermos sob a tutela do amor. No aprende e faz nós
caminhamos na linha vertical do amor a Deus, e na horizontal pela caridade ao
próximo. E as dissensões que a escritura nos indica se dão pelo descendente
contra o ascendente. Isso aí, o homem contra o seu pai, porque quem vai
envergar a espada é o filho contra o homem velho; a filha contra a sua mãe, nos
terrenos do sentimento; e a nora contra a sua sogra em uma descendência contra
a ascendência no campo das relações.
Não dá para ter
dúvida. A espada de Jesus é a única capaz de promover a paz interna, uma paz
que é saúde e alegria do espírito. E ela só pode ser avocada por um processo de
dentro para fora. Sempre a avocamos de forma consciente e a morte decorre da
luta, da aplicação dela em uma postura pessoal de testemunho. O evangelho
propõe para nós que a melhor maneira de sanear numa terapia eficiente é pela
laboração em cima dos padrões positivos que se nos abrem hoje.
E também é imperioso
reconhecer que a paz legítima resulta do equilíbrio entre os nossos desejos e
os propósitos do Senhor na posição em que nos encontramos. A questão
fundamental é saber se vivemos no Cristo tanto quanto ele vive em nós, porque
não existe tranquilidade real sem a sua presença, sem a adaptação do nosso
esforço de aprendizes humanos ao impulso renovador do mestre divino. Do
contrário, ao invés de paz teremos sempre uma renovada guerra dentro do
coração. Quando o quarto permanece sombrio somos nós quem desatamos o ferrolho
da janela para que o sol nos visite. Se objetivamos a redenção espiritual somos
convocados a um piso de harmonia e paz no momento oportuno, conquista gradativa
e constante no espaço e no tempo. Paz não é conquista da inércia, é fruto do
equilíbrio entre a fé no poder divino e confiança em nós mesmos, serviço pela
vitória do bem, com humildade, disciplina, trabalho e perseverança. Basta que
dediquemos algum esforço à graça da lição para que a lição nos responda com as
suas graças.
Agora, quando não
agimos no sentido de usar a espada na luta anterior, quando não aceitamos
vivificar o espírito pela luta interna com essa espada seletiva, mecanismos
externos atuam sobre nós, a espada da lei chega e passa a agir de fora para
dentro. Ao invés de usarmos a espada do Cristo e desarmarmos o coração, a
espada da lei, representada pelas circunstâncias da vida, passa a agir de fora
para dentro exercendo uma pressão na linha da individualidade.
Ou seja, circunstâncias
externas visam agir sobre aquele que não edificou a si próprio.
O resultado é que a
realidade muitas vezes esfacela a ilusão. A dor chega sem anúncio prévio. O
acontecimento exterior chega e corta o barato da criatura, o exército da
realidade maior vem para convidar ao redirecionamento, colocando os valores em
ordem para a reparação, recomeço, submissão e aprendizagem. Não são poucas as
ocasiões em que se dá uma proposta de fora para dentro a fim de podermos
ativar, de dentro para fora, uma nova posição diante da vida. Não é preciso ir longe, observe em sua
volta e notará inúmeras expressões de comunicação de fora para dentro definindo
esse chamamento.
Toda disciplina
imposta externamente é caminho, até que
a individualidade encontra a capacidade de realizar o plano disciplinador de
dentro para fora, sob o parâmetro do amor. O ensinamento é profundo: aquele que
não se despertou ainda está caminhando para problemas de sofrimento e lágrimas
amanhã.
E não fique triste.
Faz parte da vida. Precisamos é entender é que a resposta da lei tem caráter de
espada. A dor faz um papel extraordinário chamando a gente e muitos irmãos de
humanidade precisam naturalmente ser trabalhados pelos processos tristes e
violentos da educação do mundo. É preciso calma nos momentos de dificuldade,
porque existem muitos envolvidos pelas dores e aflições maiores que
encontram-se sob a tutela da lei, estão debaixo da necessidade de se
despertarem para determinados ângulos. São mecanismos ou circunstâncias do
mundo cerceando caracteres extrínsecos do ser com um grande poder de penetração
nos escaninhos da alma. A espada da lei busca direcionar o ser para a
empunhadura e utilização da espada de Jesus para crescer.
E para concluirmos este
capítulo vamos dizer o seguinte. A espada não é a palavra? Então, devemos, com
atenção, avaliar como a temos utilizado no cotidiano. Qual a natureza do que
temos verbalizado e lançado no terreno do destino.
Porque em qualquer
tempo e em qualquer ambiente sempre recebemos segundo aquilo que
exteriorizamos. E como instrumento que avocamos conscientemente a espada também
é algo que pode nos machucar muito no campo cármico das responsabilidades
evolutivas, quando a usamos indevidamente de modo a ferir, machucar,
menosprezar e constranger o nosso semelhante.
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