A
OVELHA DESGARRADA
“5JESUS ENVIOU ESTES DOZE, E LHES
ORDENOU, DIZENDO: NÃO IREIS PELO CAMINHO DOS GENTIOS, NEM ENTRAREIS EM CIDADE
DE SAMARITANOS; 6MAS
IDE ANTES ÀS OVELHAS PERDIDAS DA CASA DE ISRAEL;” MATEUS 10:5-6
“E ELE, RESPONDENDO, DISSE: EU NÃO FUI
ENVIADO SENÃO ÀS OVELHAS PERDIDAS DA CASA DE ISRAEL.” MATEUS 15:24
“QUE VOS PARECE? SE ALGUM HOMEM TIVER
CEM OVELHAS, E UMA DELAS SE DESGARRAR, NÃO IRÁ PELOS MONTES, DEIXANDO AS
NOVENTA E NOVE, EM BUSCA DA QUE SE DESGARROU?” MATEUS 18:12
“27E, DEPOIS DISTO, SAIU, E VIU UM
PUBLICANO, CHAMADO LEVI, ASSENTADO NA RECEBEDORIA, E DISSE-LHE: SEGUE-ME. 28E ELE, DEIXANDO TUDO, LEVANTOU-SE E O
SEGUIU.” LUCAS
5:27-28
A ovelha desgarrada é referência ao judeu
no passado e em razão da complexidade da questão nós abordaremos esse aspecto
futuramente. Por ora, vamos nos ater ao fato de que por não terem se integrado
ao imperativo da evolução no planeta de origem esses foram transmigrados para a
Terra. E interessante é que todo o sistema de melhoramento veio em função dessa
ovelha desgarrada, Jesus veio aqui atrás dessa ovelha perdida da casa de
Israel.
Foram eles que trouxeram Jesus para nós.
Eles vieram para cá dentro de uma estrutura de justiça para recompor o destino
e caindo aqui trouxeram Jesus. O mestre divino veio arregimentá-las. A sua
prioridade era com os caídos, tanto que na orientação aos discípulos os
direcionava "antes às ovelhas perdidas da casa de Israel". E afirmava
que não veio senão para elas, pois as outras de algum modo estavam ajustadas.
Em uma acepção mais abrangente, desgarradas
são as ovelhas que representam aqueles indivíduos desafiadores, estejam eles
dentro do lar, de um grupo qualquer, de um ambiente de trabalho e que complicam
e complicam.
Agora, o que temos que ter em conta é que a
ovelha reporta aos ângulos do sentimento da individualidade. Será que está
dando para acompanhar? Ovelha diz mais respeito ao sentimento, a começar pela
sua própria expressão de feminilidade, uma vez que ela é a fêmea do carneiro. É
aquela que doa, que se oferece à tosquia ou oferece valores aos próprios
elementos que naturalmente cuidam dela. A ovelha oferece a lã, que é o
componente doado por alguém e que acoberta, envolve, agasalha, e a lã
oferecida pela ovelha envolve e aquece.
É por isso que é ovelha, pois é preciso que
exista uma linha de ressonância ou de relação, uma interação ampla por parte do
sentimento. Além do que, ovelha sugere mansuetude, uma vez que não há como
deixar-se guiar nutrindo sentimentos de rebeldia e prepotência. Todos sabemos
que o componente que nos incita à doação é o sentimento. Quanto à ovelha negra,
é àquela que em um grupo se sobressai pelas suas qualidades negativas e
procedimento indevido.
Na passagem do evangelho em que Jesus
chamou o publicano Levi, diz o texto que este "deixando tudo, levantou-se
e o seguiu". ("E, depois disto, saiu, e viu um publicano, chamado
Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo,
levantou-se e o seguiu." Lucas 5:27-28) Alguém ao lê-la pode simplesmente
perguntar: "Espera aí, mas como é que Levi fez? Deixou a coletoria aberta,
entregue às traças, e saiu? O texto não diz que ele fechou a porta?"
Bem, vamos com calma. Fique tranquilo, que
ele deve ter tomado a providência necessária, afinal de contas, como é que
alguém que segue Jesus pode ter um comportamento com tamanha expressão de
irresponsabilidade? Pode isso? Claro que não, não tem cabimento. No entanto,
não é nosso objetivo ficar aqui analisando se ele fechou a porta ou não fechou.
Nosso interesse está para além disso, o que nos interessa no estudo em questão
é o sentido essencial do ensinamento. O deixar tudo que nos importa é no
sentido íntimo, intrínseco. Ou seja, porque é que tem que deixar tudo? Analise
comigo, se quem senta se acomoda, aquele que está na recebedoria está
preocupado apenas em receber ou está disposto a oferecer algo? O que você acha?
Então, na acepção espiritual recebedoria
diz respeito à acomodação da criatura em pontos de culto ao egoísmo contumaz,
em que ela utiliza de forma viciosa os serviços dos outros para si, o que é
totalmente o contrário de seguir Jesus. E se a criatura não deixa
tudo ela fica como está e não se levanta. Logo, esse "deixando
tudo" significa a descarga, a desvinculação daquelas estruturas mentais
dos interesses e dos objetivos que ele, por sua vez, nutria.
E dentro do sentido essencial e intrínseco
que nos importa, no ensinamento da ovelha desgarrada, o indivíduo deixa as
noventa e nove porque ele não é dono delas, embora no sentido prático tenha uma
responsabilidade para com elas, como o Levi tinha responsabilidade com a
repartição na qual servia. Às vezes acontece realmente de nós termos de nos
desvincular de muita coisa, deixando tudo aqui, para penetrarmos em um ângulo
novo que, quem sabe, descuidamos.
Pode mesmo ter sido por descuido nosso, e
tanto descuidamos que ela saiu, se desgarrou. Porém, uma coisa na qual temos
que nos atentar é que existem pais e mães que vivem praticamente em função
desses elementos complicados, razão pela qual precisamos ponderar acerca de
nossas atitudes. Busquemos essa ovelha desgarrada, trabalhemos com esse coração
que merece um empenho maior e uma atenção redobrada, mas, pelo amor de Deus,
não podemos deixar cair a estrutura de um ambiente, de um lar, em função de
alguém que, apesar de estar desgarrado, pretende permanecer desgarrado.
Deu para pegar a lógica da questão? Nós
largamos as noventa e nove, mas não nos dissociamos delas. Em hipótese alguma nós devemos deixar as noventa e nove à bancarrota, à míngua, deixá-las
desabrigadas e desamparadas para buscar uma que se perdeu. Tem muita gente que
faz isso, em função de uma individualidade dentro de casa, como um filho, e por tratar-se de uma ovelha desgarrada, abandona os três ou quatro
componentes da casa.
Na acepção íntima, temos também ovelhas dentro da
intimidade, que é onde funciona, efetivamente, o evangelho. São ângulos que já
dominamos e que estão alicerçados sob nosso campo operacional com segurança.
Só que a cada momento somos testados em nossas próprias reservas interiores
e vez por outra vamos atrás daquela que se desgarrou. De fato, temos que operar
constantemente porque essas noventa e nove, inclusive com essa que retorna,
formam caracteres íntimos que estão em processo amplo de reciclagem, de
crescimento. Esse acervo, ou esse aprisco, vai se reciclando a cada
instante.
São caracteres da personalidade que tem que
se ajustar aos novos momentos, aos novos sentidos da própria vida. Eles vão
criando uma espécie de conceito e a estruturação desses conceitos não se faz
apenas em cima de uma linha que chegou e assimilamos intelectivamente, não. Nós
temos muitos conceitos que são formados aos poucos como se dá com medicação
contínua ou produto em gotas. O padrão vem lentamente e com regularidade e vai
se formando o conceito. A gente vai lentamente formando. E como nossa mente é
muito fértil, não criamos só conceitos, podemos entrar nos chamados
pré-conceitos, e isso é que é duro.
É fato que podemos encaminhar a nossa luta
em cima de um padrão determinado. Não podemos? Claro que podemos, porque a
nossa inteligência que se abre em termos de razão pode laborar em cima de um
determinado caractere, de um determinado tópico. Todavia, vamos notar que o
êxito, no que se refere a uma proposta mais ampliada, estará sempre na
dependência de uma reformulação abrangente. Hoje, constantemente somos
convocados ao redirecionamento nos padrões e reflexos que revestem a nossa
caminhada. Por mais zelosos que sejamos, e por mais durões que possamos ser no
campo reeducacional, temos várias facetas da personalidade que são imperfeitas,
frágeis ainda, dentro do patamar em que estamos, e suscetíveis de serem
mudadas.
Nos dias atuais não tem como alguém
encontrar um pouso de felicidade apenas encasulado em suas próprias convicções,
em suas próprias conceituações. Nós temos que nos integrar a um processo em que
somos convocados a esse tipo de atividade, de redirecionar e reformular os
padrões já sedimentados. E, às vezes, podemos ter uma conceituação que é
redimensionada em determinado momento exatamente com essa fuga e esse retorno.
Nossa visão se
altera a cada instante e não dá mais para permanecermos enclausurados
em conceitos ultrapassados. A cada momento somos conduzidos a posições em que
os padrões, que até então eram suficientes, deixam de ser suficientes, e eles
vão sendo exigidos em alterações redirecionadas. Conclusão: é necessário que
permaneçamos, tanto nas áreas da razão como do sentimento, matriculados em uma
escola de renovação e de mudanças.
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