DISCÍPULO
E MESTRE
“24NÃO
É O DISCÍPULO MAIS DO QUE O MESTRE, NEM O SERVO MAIS DO QUE O SEU SENHOR. 25BASTA AO DISCÍPULO SER COMO SEU
MESTRE, E AO SERVO COMO SEU SENHOR. SE CHAMARAM BELZEBU AO PAI DE FAMÍLIA,
QUANTO MAIS AOS SEUS DOMÉSTICOS?” MATEUS 10:24-25
O mestre nós vamos entendê-lo como sendo o
que pode ensinar a outros porque reconhecidamente tem mais sabedoria ou
capacidade de ação. Isto tem que ficar claro.
Jesus sabe, enquanto nós estamos aprendendo
a conhecer. Apóstolo significa enviado e assim é chamado o que propaga uma
ideia ou doutrina. Um apóstolo é bem mais do que o discípulo, claro, pois ele é
o que opera em nome do mestre, é o que representa o mestre. Todo apóstolo é um
educador por excelência, pode-se dizer que é um condutor do espírito. O
discípulo, por sua vez, é aquele que aprende. É o que se acha em fase de
aprendizagem, que ainda está aprendendo, que está assimilando, e esse título é
conferido pelo divino mestre a todos os homens de boa vontade, sem distinção de
situações ou classes.
E uma coisa interessante é que diante da
grandeza do universo nós somos sempre alunos. Nós sempre somos, de algum modo,
o discípulo ou o aprendiz, uma vez que sempre teremos os nossos preceptores ou
professores acima de nós. Disso a gente não tem como se esquivar. O professor
tem certos conhecimentos que o aluno não tem ainda. Deu prá perceber? O aluno
tem a proposta de aprendizado. Logo, por maior que seja o nosso investimento no
mecanismo da educação, por mais ampla venha a ser a nossa transferência da
informação para o plano prático, por mais extensa a nossa capacidade de fazer e
operar conforme o aprendizado, nunca perderemos essa condição de discípulos.
Jesus fala em dois componentes: discípulo e
servo. “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu Senhor”.
(Mateus 10:24) Interessante a colocação. Ele quis definir, pelo que conseguimos
depreender, que não tem como o discípulo ser mais do que o seu mestre. De fato
não tem como, não é verdade? Um soldado, por exemplo, não sabe o pensamento do
general.
Aliás, o dia em que o soldado estiver
abrangendo todas as estratégias e toda a base de fundamentação de seu superior
é bem possível que debande tudo, que vá tudo por água abaixo. Isso representa o
que para nós? Que existe um grau de revelação. Que os nossos superiores, os que
nos dirigem, conhecem com aprofundamento toda marcha do progresso enquanto nós
nem sempre podemos conhecer. Porque tem pontos nessa marcha que nós temos que
vivenciar. É nesse sentido. Por isso é que Jesus, acertadamente, colocou para
nós que não se dá "pérolas aos porcos", o que equivale a não
transferir determinados valores a quem não está com a devida capacidade
administrativa, que não se deve entregar chave a quem não tem competência de
guardá-la.
Agora, também, tem a questão da obediência.
Quando ele fala que não pode ser o discípulo mais do que o mestre ele está
dizendo para nós que ele está ajustado na posição de mestre porque ele é um bom
discípulo perante Deus que está no céu. A maioria das pessoas não penetra na
grandeza desse ensinamento.
Você conseguiu perceber? Jamais será um
mestre por excelência aquele que não for um excelente discípulo. Não tem como. Só
é uma criatura dotada de positividade segura e equilibrada aquela que é
positiva na recepção. Para que possamos atuar de forma positiva em determinado
campo ou terreno nós temos que ser criaturas submissas, positivamente falando,
ao centro a que estamos posicionados. Tem muita gente que fica ansiosa e
eufórica com a ideia de ser chefe, não tem? Mas lembre-se: quem não sabe
obedecer nunca será um bom chefe. Pense comigo, sem exagero, não tem jeito. Por
outro lado, aquele que sabe obedecer pode ficar tranquilo, porque no dia em que
tiver que exercer um comando, uma direção, vai ser feliz porque ele vai ser
ouvido e obedecido.
E quanto mais o aprendiz alcança do mestre
a esfera da influenciação, mais ele fica habilitado para constituir-se seu
instrumento fiel e justo. Não apenas como o aluno que ouve e entende, mas que
procura agir conforme o que recebe. Repare que os discípulos de Jesus se comprometiam
com a sua doutrina. De fato, Jesus veio do plano superior para nos ensinar a ir
prá lá. Com ele aprendemos o que é Deus, como agir em relação ao próximo, às
coisas e relativamente a nós mesmos. Temos que aprender com ele, mas não apenas
aprender e ficar só na teoria, e sim aprender para exercermos o aprendizado.
Ele ensinou e viveu. Cabe a nós aqui, espíritos em luta, aprender e
exemplificar.
Quando Jesus colocou que "o discípulo
não é mais que o mestre e o servo não mais que o Senhor" o que ele disse
por trás disso? O que está embutido nisso aí? Que nos situamos em uma chamada
bipolaridade. Que na grande busca que elegemos, que estamos alçando parâmetros
maiores de evolução, a gente não tem que ser só aluno. Que nós somos
discípulos, no entanto, no fundo está todo mundo querendo ser mestre. Ou será
que não estamos entendendo isso?
Ele falou que basta o discípulo ser como
seu mestre e o servo ser como o seu Senhor para evitar o quê? Precipitação e
incoerência, atropelos diversos no percurso da jornada. Esse ponto é muito
importante para nós, tudo tem o seu tempo.
E uma coisa é fato, nós nunca estamos na posição
isolada de discípulos ou de mestres. O espírito encarnado, para alcançar altos
objetivos na vida, deve reconhecer a sua condição de aprendiz extraindo
proveito das experiências sem se escravizar. Dentro de cada um de nós não
existe apenas a capacidade de receber o valor de cima. Tanto que o que
recebemos só vai ser incrustado em nossa personalidade pelo ato de nós o
fazermos. Está acompanhando? E todas as vezes que nós fazemos estamos acionando
recursos do sentimento e da razão para fazê-lo.
A princípio, somos todos os educandos e não
tem como negar, todavia, precisamos também avocar a posição de educadores.
Nunca estamos em uma posição isolada de discípulos ou mestres. Se você acha que
não é mestre, esquece isso, você está enganado, porque guardada a devida
distância, claro, todo mundo no planeta tem um pouco de mestre. Então, o recado
é que temos que ser bem conscientes na posição de aluno para começarmos a dar
uma de professor.
Se de um lado nós somos os aprendizes e os
alunos de uma classe, de outro também temos um papel de cooperação e ajuda
efetiva. Em outras palavras, de algum modo somos o discípulo, o aprendiz, e
nunca poderemos abrir mão disso. Isso está bem claro, por mais que a gente
possa transferir os padrões recebidos para o plano operacional de cooperação e
ajuda, auxiliando na aprendizagem, nunca perderemos a nossa condição de discípulo.
Mas para podermos mostrar a nossa posição de bom discípulo, de bom aprendiz,
nós temos que saber, também, ativar a parte já incorporada no campo do
esclarecimento. Afinal, o discípulo também tem uma atividade a operar, embora
ele não perca essa qualidade de discípulo. E o bonito disto é que não tem
discípulo eficientemente ajustado sem a devida incorporação da condição de
mestre. O aluno que não se retira dos exercícios no alfabeto jamais penetra o
luminoso domínio mental dos grandes mestres. É que o discípulo, no plano
consciente, está envergando a condição de mestre, que é algo bonito demais de
entender.
O evangelho está à nossa disposição e
estamos com Jesus e na presença dele. Alguém tem dúvida? Só que estamos naquela
base que a gente sabe bem: o protetor no plano de cima e o protegido aqui
embaixo, sempre esperando algo mais do protetor. Até aí tudo bem, não há
novidade. Porém, o grande lance é que enquanto a gente não descobrir que para
ser um bom protegido a gente tem que manter uma proposta íntima de também
proteger a gente não caminha. E fim de conversa. Para demonstrarmos a nossa
posição de bom discípulo, de bom aprendiz, nós temos que ativar a parte
incorporada no plano do conhecimento.
Isto é, o discípulo tem plena condição de
operar e deve fazê-lo, embora sem nunca perder essa condição. Tem momentos que
a grandiosidade do discípulo está exatamente naquela postura avocada de mestre,
o verdadeiro discípulo tem que mostrar a sua capacidade de ser bom discípulo
utilizando a sua característica mínima de mestre. Por quê? Muito simples, por
mais que tentemos ser discípulos não há como alcançarmos o estágio seguinte
senão investindo na posição de mestre. Para ser um bom discípulo tem que lutar
para ser bom mestre, para ser bom aprendiz nós temos que sentir uma vontade de
fazer, orientando, ajudando e servindo na pauta que nos é própria, pois cada um
tem uma faixa específica. Apenas seremos bons aprendizes se nos capacitarmos a
oferecer a nossa cota operacional nessa dinâmica da aprendizagem.
Com humildade, óbvio. Existe uma linha de
relação em que o equilíbrio se dá pela condição de ser um mestre eficiente em
decorrência de uma postura de bom discípulo. Deu para perceber? Apenas seremos
bons mestres se formos bons discípulos, se não formos um bom discípulo nunca
seremos um mestre adequado.
Só podemos ser uma
criatura capaz de auxiliar efetivamente, como mestre, se formos bons alunos e
bons servos. É que as atividades vão sendo outorgadas ou conferidas de modo
gradativo e continuado, segundo o nosso grau de capacidade de cooperar e
servir. Eu recebo de cima, na linha vertical da revelação e tenho que trabalhar
na linha horizontal dos interesses da coletividade. E apenas serei um excelente
administrador do campo positivo da vida se eu for um excelente receptor ou
captador dos valores que vem do mais alto.
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