O
LADO POSITIVO E A ADEQUAÇÃO
Vamos analisar uma coisa: se educar é
desenvolver os poderes do espírito para serem aplicados em uma conquista de
estados cada vez mais elevados, numa ascensão que não termina, é fácil concluir
que essa sistemática não pode ser alcançada pela imposição do medo.
Porque estamos dizendo isso? Porque muitos
educadores agem pelo terror. Isso acontece no âmbito de certas linhas
religiosas. Certos instrutores, carecendo de meios e recursos próprios à boa
pedagogia, não convencem e, sim, amedrontam.
Querem conduzir os homens guiando-os como
se fossem pastores com suas manadas. Parecem não se lembrar de que os seres
livres não marcham para a conquista de seus destinos forçados, mas atraídos. Pela
imposição do medo na linha educativa não tem como educar. A educação não vem
por imposição, todo processo educacional tem por objetivo despertar os
potenciais do indivíduo.
O educador tem que ser admirado pelos seus
discípulos, jamais temido. Os educadores precisam ser maiores e melhores que os
seus educandos, porque precisam atraí-los em vez de empurrá-los e a atração é
algo que se exerce para a frente, não é algo que tem que levar para trás. Veja
Jesus, ele era amado e venerado pelos seus apóstolos, todos eles se
sacrificaram com alegria pela sua doutrina. Se tivessem sido ensinados pela
metodologia do medo com certeza baqueariam diante dos primeiros obstáculos e
das primeiras perseguições. Seriam covardes como são covardes todos aqueles que
agem pela influência do medo.
Nós apenas temos conhecimento da utilização
de expressões mais contundentes por parte de Jesus quando ele se dirigiu aos
hipócritas, sacerdotes, escribas e às autoridades que dominavam o povo. Ele
jamais destratou ou diminuiu alguém, jamais abateu, sequer, o ânimo dos
pecadores. Em todos os episódios do evangelho ele jamais foi encontrado em
atitude que visava enfraquecer a coragem das pessoas, muito pelo contrário. Antes
de sua passagem pelos solos deste planeta Deus era tido como força, e depois de
sua passagem o apóstolo João, interpretando a sua doutrina, dizia que Deus é
amor.
Engraçado isto, porque muitas igrejas não
entenderam ainda, ignoram e continuam pregando o medo. Seguem estendendo ameaças
infernais como se quisessem deprimir o ânimo dos seguidores e incutir-lhes uma
fé desvirtuada de fora para dentro.
Ora, a gente não precisa ir longe, bata recordar
que o mestre disse "não temais". O bom educador não critica nem
atemoriza, só constrói, sem usar atitudes que desanimam e machucam, pois o processo
educativo se baseia nos alicerces do raciocínio e do sentimento. Ser educador é
saber conduzir inteligências na direção da luz e do bem com critério e carinho,
segurança e clareza.
O método para ensinar valores espirituais é
o mesmo que se emprega para ensinar as questões científicas: dedução e indução.
Temos que partir dos fatos para os efeitos e destes somos levados a remontar
aqueles. Os tempos hoje são outros, não dá mais para se impor crenças, é
preciso convidar as pessoas a raciocinarem.
O professor tem que trabalhar utilizando
uma linha compatível ao plano assimilativo do educando. O que não é nenhuma
novidade, uma vez que para o aluno assimilar ele precisa entender o que está
sendo falado. Percebeu? Não é o professor que tem que trazer o aluno à sua
órbita. De forma alguma, ele é quem tem que descer à órbita do aluno. Para
ajudar alguém, ensinar alguém, cooperar com alguém, é preciso ter esse jogo de
cintura de saber adequar, tem que ter uma profunda disposição de apequenar-se,
e é por aí que nós muitas vezes complicamos a nossa jornada. Sabe por quê? Por
impaciência ou falta de capacidade de persistir. Mas voltando ao assunto, quando um
professor vai trabalhar ele tem que saber os potenciais do aluno. Este é um
ponto extremamente essencial no processo.
Jesus disse para que não déssemos
"pérolas aos porcos", logo, para que isso não aconteça é necessário saber
o nível em que se encontra o educando. Sem saber, o professor ou cooperador
vai lançar luz num coração que está ainda meio apagado na ótica deste, embora
na ótica desse auxiliado haja uma luz enorme lá.
Está dando para acompanhar? Ou
seja, o aluno ou necessitado não aguenta mais do que um palitinho de fósforo ou
uma lanterninha e o que vai auxiliar vai querer acender um farol lá. Não tem
jeito. Esse é um dos fatores pelo qual é preciso trabalhar no plano sintético.
O educador por ser chamado a apresentar inúmeras formas de expressão, no
entanto o educando vai realmente se beneficiar quando ele consegue fazer um
trabalho de síntese, no qual consegue penetrar nas faixas da própria
personalidade do que quer aprender.
Se o educador não consegue perceber o que o
aluno está soltando, se não consegue entender as suas dificuldades, suas reais
necessidades, fica muito difícil auxiliar. Se ele não sintonizar a sua carência
ele não tem como ajudá-lo de forma efetiva.
O professor tem que trabalhar com a linha
compatível ao plano assimilativo do aprendiz, de forma que ele precisa pegar a luz
existente dentro de si, amortecer e adequar à capacidade perceptiva do elemento.
Veja para você ver, ele pode ser um excelente professor, mas de que valeria se não
soubesse adequar-se dentro do plano de solicitação do educando? Está dando para
perceber?
Alguém pode ser um orientador excepcional, um
PHD em determinadas áreas teológicas, mas para poder falar de Deus para uma criança
tem que falar papai do céu. Não adianta falar que se trata do estruturador universal
ou criador que ela não vai entender nada. Então, adequar é saber descer até o nível
de capacidade receptiva dos educandos.
E quanto mais o educador
conhecer mais fertilidade ele pode apresentar ao educando no que reporta aos toques
das necessidades desse, e o educando realmente se beneficia quando o educador sabe
ensinar, quando sabe fazer um trabalho de síntese.
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