O DILÚVIO
“PORQUE
EIS QUE EU TRAGO UM DILÚVIO DE ÁGUAS SOBRE A TERRA, PARA DESFAZER TODA A CARNE
EM QUE HÁ ESPÍRITO DE VIDA DEBAIXO DOS CÉUS; TUDO O QUE HÁ NA TERRA EXPIARÁ.” GÊNESE 6:17
“PORQUE,
PASSADOS AINDA SETE DIAS, FAREI CHOVER SOBRA A TERRA QUARENTA DIAS E QUARENTA
NOITES; E DESFAREI DE SOBRE A FACE DA TERRA TODA A SUBSTÂNCIA QUE FIZ.” GÊNESE 7:4
Até certo tempo atrás ouvia-se nos
noticiários televisivos sobre determinadas equipes de cientistas empenhadas em
localizar restos da arca, inclusive com indagações acerca da localização de
seus possíveis fragmentos. E a ciência vez por outra discute com a religião
como coube tanto animal dentro dela e ela não afundou.
Ora, não estamos aqui para analisar o
aspecto literal da questão, a arca de Noé para nós não possui uma época determinada.
É de conhecimento generalizado que vivemos momentos de muitas dores e aflição,
onde todas as áreas estão visitadas por múltiplas dificuldades. De certa forma,
todos nós vivemos períodos de verdadeiro dilúvio ao longo de nossa existência,
não é mesmo?
Será que alguém tem alguma dúvida disso? O
que observamos é que pode não haver uma gota d'água sequer, mas a chuva está
caindo na vida de cada um de nós.
Para se ter ideia, nessa época em que
vivemos é muito difícil encontrarmos um lar que se encontre alicerçado sob a
mais absoluta harmonia, e mesmo que esse exista se o analisarmos de forma mais
atenciosa encontraremos em sua intimidade pelo menos alguém mergulhado em algum tipo de sofrimento.
O dilúvio expressa uma caída de águas
torrenciais. E a água vai subindo, inúmeros côvados acima dos picos mais
elevados. E o interessante disso é que o dilúvio não faz o papel de destruidor
da humanidade como se pensa, mas de limpeza, como se suas águas tivessem
exatamente essa função. E observamos que atrás disso vigora uma chamada à
atenção e à responsabilidade, um chamado amplo ao redirecionamento
do próprio destino em novas bases.
Então, esses acontecimentos menos felizes que chegam não visam
propriamente destruir por capricho divino, esses acontecimentos mais
retumbantes fazem aquele papel de saneamento e de instauração de um novo grau
consciencial na individualidade. É assim que nós temos aprendido.
A mensagem que nos interessa fala da
necessidade de solidificarmos e equilibramos a nossa arca interior. Veja o
seguinte, o dilúvio nada mais é que um período de transição, certo? É um
momento de transição, nossa luta do dia a dia onde está caindo água para todo
lado. E nós sabemos com tranquilidade que as dificuldades que nos chegam são
decorrentes das sementes lançadas lá atrás.
Agora, dentro da arca, uma vez protegidos,
nossa intimidade psíquica, com seus três andares (subconsciente,
supraconsciente e superconsciente), essas águas fazem o quê? Elas visam a
projetar o indivíduo para a cima, porque a arca sobe com a subida do nível das
águas. Deu uma ideia? As dores, a inquietude e a frustração fazem exatamente isso,
visam despertar a consciência de forma a projetá-la e lançá-la para novas
bases, para os valores superiores da vida mental. E a existência digna implica
em uma mentalidade diferenciada, razão pela qual precisamos saber manter as
linhas de segurança operacionais.
"Porque eis que eu trago um dilúvio de
águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida
debaixo dos céus; tudo o que há na terra expiará." (Gênese 6:17)
"Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta
dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância
que fiz." (Gênese 7:4) Nesses dois versículos mencionados o que vai nos
interessar por agora é o verbo desfazer. Vamos reparar que o desfazer tem o
sentido de refazer, ou seja, tornar a fazer, uma vez que só se desfaz fazendo
novamente em novo parâmetro, ou melhor, refazendo. Percebeu?
Só se pode desfazer o que já foi feito.
Nessa hora está sendo levada a efeito a proposta de destruir ou desfazer os elementos
corporificados no planeta. E como há um processo constante atuando sempre, o desfazer
significa refazer e refazer significa o ato de fazer à frente. O desfazer tem esse
sentido de desagregar.
É por isso que vigoram duas leis concomitantes
e integrantes na estrutura de todo universo: a lei de destruição e a lei de
conservação. Isto é, temos que fazer de tudo para conservar o que temos, mas
sabendo que a evolução sempre pressupõe uma destruição anterior. A própria ressurreição
é decorrente da morte.
E voltando ao desfazer vamos notar que
entre a promessa e o cumprimento vigora uma expectativa, e tantas vezes os
fatos se desenvolvem de tal forma que não é preciso a derrubada. Como aconteceu
na cidade de Nínive, que ia ser assolada e Jonas fez a pregação pedindo ao povo
que segurasse as pontas, que iria vir chumbo grosso e acabar com toda a cidade.
O que aconteceu? A população resolveu tomar uma posição ativa, fez penitência e
a cidade não foi destruída.
Dá para reparar que o
fato de muitas pessoas buscarem os padrões espirituais, buscarem conhecimentos substanciais
para o auxílio na caminhada reflete exatamente isso, a busca de meios eficazes que
nos permitam administrar de forma satisfatória os dilúvios a que todos nós estamos
sujeitos na caminhada.
Precisamos refazer a jornada e nos esforçar cada vez
mais para desenvolver o equilíbrio necessário a fim de não sermos levados pelas
torrentes dos acontecimentos que defrontamos, onde muitos não resistem, se entregam
e, às vezes, não suportando o peso das adversidades se atiram nos abismos do suicídio.