O TRABALHO,
AS OBRAS E O SERVIÇO
“E JESUS LHES RESPONDEU: MEU PAI
TRABALHA ATÉ AGORA, E EU TRABALHO TAMBÉM.” JOÃO 5:17
“45E, LEVANTANDO-SE DA ORAÇÃO, VEIO PARA
OS SEUS DISCÍPULOS, E ACHOU-OS DORMINDO DE TRISTEZA. 46E DISSE-LHES: POR QUE ESTAIS DORMINDO?
LEVANTAI-VOS, E ORAI, PARA QUE NÃO ENTREIS EM TENTAÇÃO.” LUCAS 22:45-46
“CONHEÇO AS TUAS OBRAS, E O TEU
TRABALHO, E A TUA PACIÊNCIA, E QUE NÃO PODES SOFRER OS MAUS; E PUSESTE À PROVA
OS QUE DIZEM SER APÓSTOLOS, E O NÃO SÃO, E TU OS ACHASTE MENTIROSOS.” APOCALIPSE 2:2
“EU CONHEÇO AS TUAS OBRAS, E O TEU
AMOR, E O TEU SERVIÇO, E A TUA FÉ, E A TUA PACIÊNCIA, E QUE AS TUAS ULTIMAS
OBRAS SÃO MAIS DO QUE AS PRIMEIRAS.” APOCALIPSE 2:19
É muito comum nós associamos trabalho com
obra ou entendê-los como sendo mesma coisa, quando na verdade não é.
Quando se conjuga as duas expressões, como
no caso do apocalipse ("conheço as tuas obras e o teu trabalho"
Apocalipse 2:2), temos que fazer a necessária distinção.
O trabalho a gente pode dizer com muita
tranquilidade, que ele é a força motriz do universo. É o componente que
impulsiona o universo, constitui o mecanismo operacional, é a sistemática.
Como ação atuante, vamos notar que ele é ativo. O trabalho é o instrutor do
aperfeiçoamento, e em todos os lugares do vale humano
existem recursos de ação e aprimoramento para quem deseja seguir adiante. E seu resultado nem sempre se dá de forma imediata. Pode acontecer, às vezes, do
trabalho ter a sua consolidação vários anos depois, quando começa a oferecer a
sua resposta.
E você reparou uma coisa? A palavra trabalho
aparece no singular. A definir o quê? Que ele é um fator que não cessa. Ele é
permanente, é contínuo. Para clarear o que estamos dizendo, observe que em
qualquer tempo sempre vamos encontrar Jesus operando ("E Jesus lhes respondeu: meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também". João 5:17). Aliás, o evangelho
estabelece trabalho incessante a todos os que aderem aos seus princípios. Não é
código moral voltado para aqueles que querem apenas salvar a própria pele.
Muito pelo contrário, é direcionado aos que querem fazer, razão pela qual os
seus seguidores não devem se acomodar na expectativa de um repouso falso.
Nenhum de nós está matriculado em uma escola já implementada, pronta, acabada. Nada
disso. Nós estamos matriculados em uma escola em implementação.
O evangelho de Lucas conta que em
determinada situação, quando os discípulos dormiam de tristeza enquanto Jesus orava
no horto, o mestre ensinou naquela ocasião que não existe justificativa para a
inatividade em tempo algum. Nem mesmo diante do choque ocasionado pelas grandes
dores. Você se lembra disto? ("E, levantando-se da oração, veio para os
seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza. E disse-lhes: Por que estais
dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação". Lucas
22:45-46)
Temos que estar atentos às oportunidades
que nos chegam para trabalhar. O aproveitamento do recurso significa a
implementação da tarefa, a implementação do trabalho.
É comum a gente querer
fazer, querer cooperar de alguma forma, todavia ficamos com a nossa mente
escolhendo as áreas onde queremos operar. E desconsideramos que o grande
desafio daqui para a frente não é o gênero de tarefa, e sim a compreensão da
oportunidade recebida. Está dando para entender? Muitas vezes nós rejeitamos o
trabalho que aparece e procuramos outros e com isso entramos em verdadeiras
confusões. Em outras palavras, é preciso saber aproveitar com muito carinho a
oportunidade que chega.
Você observou que os versículos acima
fazem referência ao trabalho no singular e às obras no plural? Isso mesmo. Está
certo. São obras. No plural, porque são relativas.
As obras definem a linha concreta que dimana
da gente. Elas são instrumentos para a operacionalidade do trabalho, elementos
adequados para que trabalho possa operar. São componentes que nós temos
objetivado laborar. Constituem o objeto do trabalho, a consequência do
trabalho. Por exemplo, se eu tenho uma reunião para participar essa é a obra.
Terminou a reunião, acabou a obra. Ficou claro? Bem ou mal, ela está acabada.
Daí, não existe obra sem trabalho, embora possa haver trabalho sem uma obra
específica.
Outra coisa interessante é que todas as
obras, em qualquer parâmetro, no seu sentido estrutural são sempre relativas.
Ou seja, não ficam para sempre. Apresentam para nós a expressão didática do
nosso avanço e não podem ter sentido finalístico.
Está dando para acompanhar? Pela lei da
transformação a obra pode desaparecer no tempo. Não pode? Por exemplo, basta
analisar, nas civilizações nós não encontramos uma série de ruínas? Aliás, nem
precisamos ir longe. É só olhar a nossa própria história pessoal. Quantas
ruínas. E em cimas delas, outras construções. Às vezes, nós estamos construindo
hoje no mesmo local em que construímos ontem. Logo, fica fácil concluir que
renovar significa jogar uma obra para baixo para fazer outra, para a construção
de outra. E hoje o nosso trabalho é derrubar para construir outra, para que o
trabalho seja cada vez mais sublimado.
E mais um ponto importantíssimo que não
pode passar em branco. Não tem como a gente carregar as obras conosco!
Quem quiser carregar as obras consigo, no
bolso ou na sacola, vai sofrer. Porque os resultados finalísticos das obras, os
resultados materiais, mais cedo ou mais tarde se diluem. Mais hoje mais amanhã
as obras vão se diluir. Perfeito? Costumamos achar que levamos
necessariamente conosco aquilo que foi feito. Mas não. Longe de querer
desanimar você, todavia no plano profundo do espírito não levamos o que foi
feito, embora nós tenhamos realmente que apresentar algo no plano utilitarista
da vida, no campo horizontal dos interesses humanos.
Nós levamos, sim, o substrato essencial que
circula em nossa intimidade relativamente à obra que operamos. Deu para
entender ou está complicado? Nós levamos conosco a faixa vibracional que
circulou à época quando da realização da obra, e que vai permanecer, seja de maneira
positiva ou negativa.
O efeito, então, vai ser naturalmente uma
resposta que vai te premiar ou entristecer no plano da feitura ou da prática
que você implementou na realização da obra, e que no fundo é aquilo que
efetivamente te gratifica ou entristece.
Nós levamos toda a experiência nossa no
fazer e vamos prestar contas pela maneira como agimos e realizamos cada
atitude. Daí, para se ter uma ideia, os construtores, de uma forma geral,
apresentam na intimidade mental deles toda a elaboração e toda concretude das
obras levadas a efeito. Só não podemos esquecer a necessidade de construirmos
obras que nos projetem para os planos espirituais, obras que venham promover o
nosso crescimento. É por aí que entramos em um processo de crescimento pela
própria tarefa que se desenvolve.
E de tudo o que foi dito fica um recado:
mais vale, às vezes, o trabalho do que a obra.
Mais vale o esforço e a dedicação do que o
resultado final. E é aí que entra a nossa cota de serviço.
O serviço define a
representação da nossa parte de esforço. É como temos operado. Porque o plano
espiritual superior não avalia o teor de qualquer trabalho sem a consideração
dos valores morais despendidos. O mérito das obras está no esforço que
empregamos para realizá-las, como também na pureza das intenções propulsoras de
nossos atos. O que queremos dizer? Que uma coisa que precisamos aprender é saber
avaliar a maneira como estamos realizando as obras. Afinal, a vibração que nós
implementamos no trabalho é que apresenta a tonalidade mais ou menos crística feita
na ação.
Já reparou que muitos trabalham
inconformados, ao passo que outros trabalham com alegria e boa vontade no
coração? O serviço está ligado diretamente com a forma que você trabalha. Com a
intensidade colocada no trabalho, com o carinho que você põe na tarefa. Tudo
isso vai pesando na balança.
Nós somos aferidos por aquilo que fazemos e
como fazemos. No fundo, somos aferidos por aquilo que operamos e,
principalmente, ao nível do que se passou dentro da nossa intimidade. De forma
que vamos prestar contas, cada qual individualmente, por aquilo que sentimos e
que efetivamente vibramos.
O valor da obra não está na sua proporção, mas
na pureza de intenção com que é executada e no esforço empregado para sua
consecução. Cada qual tem sua tarefa intransferível na vida, e disso a gente sabe.
O que precisa ficar claro é que o objetivo fundamental na vertical da realização
é a reeducação. Este tem que vir primeiro, antes do objetivo operacional na
horizontal. Não basta apenas fazer, não basta apenas produzir, é preciso
imprimir à obra o cunho de espiritualidade.
Qualquer trabalho
digno que propusermos fazer tem que ser conduzido dento do plano em que
oferecemos o melhor na elaboração da obra. É preciso darmos o nosso melhor. E é
nessa condição de darmos o melhor que conseguimos discernir se a obra é mais de
Deus ou mais nossa. O serviço efetivo tem que apresentar um sentido
reeducacional. Então, eu tenho que me educar. Esse é o objetivo fundamental
inarredável. O serviço é aquele trabalho que opera visando nosso
erguimento pessoal.
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