COMEÇANDO
A INTERPRETAR I
“SABENDO
PRIMEIRAMENTE ISTO: QUE NENHUMA PROFECIA DA ESCRITURA É DE PARTICULAR
INTERPRETAÇÃO.” II PEDRO 1:20
É grande o número de pessoas que comentam
que não entendem a bíblia. Isso mesmo, dizem que não conseguem entendê-la por
mais que a lêem. Que não a compreendem, que os textos não são claros, que falta
objetividade a eles, que a linguagem é complicada, tanto no velho testamento
quanto no novo testamento.
Muita gente gostaria que os textos fossem
claros. Claros e objetivos. Que deveriam ser do tipo: em uma situação assim
você faz desse jeito, em outra faça daquele jeito, chega perto de fulano, faz dessa
forma, faz daquela, e tal... Bem, até parece que no mundo que nós vivemos nós realmente
gostamos das claridades.
Mas não há como discordar, afinal de contas
esses questionamento são legítimos. Querer que os registros de natureza
espiritual se apresentem com regras básicas, que tudo seja direcionado de forma
clara, sintética, que cheguem até nós de forma esmiuçada, pronta, definida, tem
sido nosso grande anseio.
E para início de conversa, vamos partir do
seguinte: as mensagens de natureza espiritual, todas elas, são caracterizadas
por acentuada fundamentação simbólica. Ok? Então, não tem jeito de ser
diferente. Isso sempre vai existir.
Vamos manter esse ponto bem entendido e
como referência para o nosso encaminhamento daqui para a frente. A gente lê a
bíblia e muita dificuldade encontrada na leitura ocorre porque a linguagem do
velho e do novo testamento trabalha de uma forma bastante simbólica. Geralmente
vigora uma tentativa de repassar a informação através desse elemento básico que
é o símbolo.
E o símbolo, sem dúvida, é uma forma de
passar a informação. O apocalipse, por exemplo, você já deve ter reparado, ele
é todo direcionado em uma linguagem figurada. De forma que vamos nos ater a
esse aspecto, ao estudarmos as sagradas escrituras nós estamos estudando em
cima de registros figurados, não de registros objetivos. É por figuras que os
valores essenciais conseguem abrir-se dentro de nós. E é na interpretação e no
entendimento dos símbolos que vamos alcançar pontos embutidos na linguagem
figurada que o texto apresenta de forma essencial para cada um de nós.
Isto é muito interessante de se ter em
conta. E sabe por quê? Porque para muitos aprendizes e estudiosos as mensagens,
tanto do velho quanto do novo testamento, apresentam um sentido de revelação
linear sequenciada, e não é assim que funciona. Está dando para acompanhar? A
gente quer clareza, mas a coisa não funciona assim. Toda mensagem bíblica não é
uma revelação linear, em linha reta, objetiva, como muita gente acha. Está
certo que as revelações tem chegado de um modo abrangente no mundo atualizado
em que nós vivemos, no entanto vem tudo dentro de um sistema esotérico, que a
gente tem que decodificar.
Você já imaginou se nós tivéssemos valores
extraordinários, da maior amplitude e significância, todavia entregues ao
acesso de todos, sem critério algum?
Já pensou? Haveria tanta coisa complicada e
esdrúxula por falta sabe de quê? De uma capacidade perceptiva de entendimento.
Como demos o exemplo do apocalipse, é fácil
notar que ele todo está em símbolos. Por quê? Pelo fato de que o próprio João
Evangelista, que o redigiu, simplesmente não podia escrever àquela época
realmente tudo aquilo que efetivamente ele viu. Está percebendo? Ele não tinha
meios para isso. Por exemplo, se ele viu aviões lá, e não conhecia aviões, ele escreveu
águias, escreveu pássaros. Está dando uma ideia? Se viu um tanque de guerra ou
canhões lá, equipamentos para dar tiros, e naquele tempo totalmente
desconhecidos, o que ele fez? Se viu algo estranho, ele deu nome a um animal
qualquer.
A linguagem bíblica também não é objetiva
por causa de outro ponto essencial: ela não pode interferir no momento de decisão
do espírito, que é sempre sagrado.
A linguagem não pode ter a objetividade que
nós gostaríamos.
As profecias apresentam todo aquele
conteúdo abrangente a ser trabalhado conforme o piso ascensional de cada
individualidade. E pelo fato das profecias e revelações apresentarem um
conteúdo abrangente, elas precisam ser trabalhadas segundo o patamar íntimo de
cada um. Isso tem que ser entendido. Tudo tem que ser trabalhado de acordo com
o patamar individual. Afinal de contas, cada criatura apresenta um grau
diferenciado de percepção e entendimento.
Vamos analisar com atenção, tudo o que é
revelado para além do nosso contingente de capacidade perceptiva direta tem que
ser direcionado em forma figurativa.
É assim e sempre vai ser assim, o que explica
porque estamos envolvidos com a necessidade interpretativa da mensagem bíblica.
O evangelho é uma chamada para muita gente
e nós temos que manter conosco a presunção de querer interpretá-lo. Temos que
trabalhar as interpretações para compreender a grande proposta reeducativa que
enfrentamos na atualidade. E não tem jeito, nós sempre teremos que passar por
isso.
É por figuras que os valores essenciais
conseguem abrir-se dentro de nós. É um fato que vai nos exigir continuadamente
certo cuidado interpretativo. E como diz Pedro, em hipótese alguma nós podemos
buscar uma interpretação fechada, de maneira definitiva. Pedro é claro nesta
questão: "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da escritura é
de particular interpretação." II Pedro 1:20.
Nenhuma das interpretações podem ser
definidas de modo completo e inarredável.
De forma alguma é possível encontrar
interpretações absolutas. Em qualquer parte do evangelho não existe nada
absoluto, não podemos usar fechamento finalístico nos padrões.
Todos os textos da bíblica, sejam do velho
ou novo testamento, apresentam sentido amplo de revelação e a revelação não
cessa, se expande para novas faixas. As mensagens não podem apresentar uma diretriz
de percepções restritas. Necessitam ser trabalhadas sob um aspecto globalizado.
Logo, em hipótese alguma podemos fechar as interpretações. Ok? Nada de
fecharmos qualquer interpretação de maneira finalística. Nunca vamos encontrar
no conhecimento do evangelho, para se ter uma ideia, um ponto particularista e
fechado.
A revelação não pode
constituir um objeto de propriedade particular, como não se circunscreve a esse
ou aquele grupo de indivíduos, a essa ou aquela escola. Nós não podemos
simplesmente fechar a interpretação e dizer que está resolvido, que chegamos ao
ponto final e que ela vai atender a todo mundo. Isso não existe. É ilusório.
Ela pode, sim, é atender a determinados elementos de acordo com a necessidade
deles em algum estágio específico da evolução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário