A
OVELHA DESGARRADA III
“QUE VOS PARECE? SE ALGUM HOMEM TIVER
CEM OVELHAS, E UMA DELAS SE DESGARRAR, NÃO IRÁ PELOS MONTES, DEIXANDO AS
NOVENTA E NOVE, EM BUSCA DA QUE SE DESGARROU?” MATEUS 18:12
Existem muitas ovelhas desgarradas dentro
das casas, onde corações vivem a vida inteira com elas e não conseguem pegá-las.
Situação dessa natureza é mais frequente do que se pensa.
Às vezes, alguém está movido no
inconsciente pela ovelha perdida, seja em relação a alguém ou até em face às
realidades supremas da aprendizagem. E por que não? Afinal, quantas vezes não
somos nós essa ovelha desgarrada, movida pela rebeldia aos desígnios
superiores? Todas essas situações acontecem demais.
O interessante é que quando nós pensamos em ovelha desgarrada geralmente a gente imagina gente fugindo de gente. Só que tem um
aspecto interessante, não é referência à distância no aspecto
geográfico. Percebeu? Desgarrada sugere afastamento e não se trata de distância medida em quilômetros. É
distância em outro parâmetro. Estamos nos referindo à pessoa distanciada no
campo do afeto, uma representação na linha vibracional e cujo desafio passa a
ser reaproximá-la dentro desse terreno.
Pense comigo, que vale para nós a paisagem
celestial sem a libertação daqueles a quem amamos? Pode alguém curtir o
maravilhoso espetáculo das esferas resplandecentes, ouvindo e sentindo a
harmonia indefinível em situação de destaque, quando aqueles a quem ama desfalecem
e gemem nas trevas? É comum um coração amoroso ou atormentado abdicar do
ingresso em esfera superior para persistir ao lado de um coração que ama e se
encontra detido nas lamas do destino. A gente sabe, existe mais grandeza no
anjo que desce ao inferno para salvar os filhos de Deus, transviados e sofredores,
do que no mensageiro espiritual que tem pressa em comparecer ao trono do eterno
para louvá-lo.
E importante demais é saber como é que se
dá essa busca, como é que ela ocorre.
Quanto a isso, o ensinamento é claro:
"irá pelos montes". Percebeu? Não é pelos vales. Porque tem
diferença. Aí já se define como se dá a busca dessa ovelha que se desgarrou.
A nossa linha aplicativa de ação tem que
ser uma expressão genuína daquilo que vem de cima, nós temos que caminhar nas
elevações que o evangelho propõe.
Os montes citados nas escrituras sagradas,
aquelas elevações geográficas, há muito já transpuseram o tempo e chegaram até
nós. Monte não é no sentido literal da mensagem didática, e sim no sentido
intrínseco do conteúdo didático. Montes representam subida, indicam estados de
elevação que nós elegemos em nosso espírito.
Porque dentro de nosso terreno íntimo tem
de tudo. Dentro de nós existem vales, planícies, depressões e elevações. Então,
a busca tem que ser pelo monte.
Para se alcançar o resultado positivo nessa
busca é preciso usar os indicativos de cima. É em cima que está o amor. E amor
é o que estamos aprendendo agora. Todo o trabalho de auxílio, para ser bem
sucedido, deve ter como referência os padrões espirituais elevados. O seguidor
do Cristo é aquele que mais nitidamente tem que estar em relação com as faixas
superiores. Sem contar que se ele vai pelos montes em hipótese alguma ele abandona
as noventa e nove.
De cima é possível ter uma visualização maior
do terreno onde operar. De cima se obtém uma capacidade mais ampla e melhor de
visualização. De cima a criatura tem a consciência de que está tentando dar o
passo certo. É por isso que para descer com segurança é preciso ter subido
antes. Ou seja, sobe para arregimentar, para adquirir recursos, sobe para
aprender, e desce para fazer, para operar, fazendo na descida um ajuste nas
suas emissões com os padrões visualizados antes.
Quanto mais nós entendemos essas nuances,
mais notamos a complexidade do ser humano com as suas sutilezas.
Esse processo de busca é um processo em que
o plano de simpatia tem que ser aplicado.
Para isso é necessário adotar um circuito de
valores de ordem afetiva, uma certa intimidade e quebra de resistência
entre os seres. Está percebendo? É preciso ter a habilidade necessária para manusear fórmulas
eficientes de modo a conseguir transformar o que é repulsão em atração, porque
do contrário não funciona.
O pai ou a mãe por exemplo, diante de um filho
difícil, vão precisar encontrar estratégias, vão precisar encontrar caminhos
que possam favorecer a sensibilização. Para ser ter ideia, Jesus podia ter criado um sistema
antipático com Saulo, não podia? No entanto, o que ele fez? Operou com amor. Viu
pontos de empatia nas partes potenciais de Saulo e lançou o seu magnetismo. E
como resultado deu-se não mais a intolerância de Saulo, mas o surgimento de uma
nova faceta, como Paulo. No entanto, a individualidade era a mesma naquele
processo que se abria.
Então, nada de inquietação. Vamos com inteligência
e calma que a gente vence o desafio. Fazendo o que é certo, indo pelos montes,
não vai ser complicado. Seguindo a orientação superior que aprendemos a gente obtém condições
plenas de acertar.
A proposta de arregimentar essa ovelha não é
na base da força, da intolerância ou das estratégias puramente sistematizadas. O
texto faz a revelação: é pelos montes.
Porque não sendo
pelos montes essa busca passa a ser a manifestação efetiva do amor, não o amor no sentido ampliado, mas no sentido ligado às relações humanas.
Sem ser pelos montes nós corremos o risco de agir
utilizando puramente os padrões de fisionomia de vida da nossa retaguarda,
acabamos deixando escapar dificuldades incrustadas no nosso subconsciente. Se o
indivíduo vai procurar a ovelha que se desgarrou pelos vales, pelas regiões baixas,
ele vai movido pela paixão, pelo medo, pela preocupação. Ao contrário de usar a
empatia com o semelhante, vai criando uma antipatia. Vai utilizando os padrões do
seu personalismo e o personalismo é o ponto desagregador das melhores intenções.
Enfim, ele vai pelas dificuldades de toda ordem em função das deficiências dele
próprio.
Isso sem contar que quando ele age dessa forma, quase sempre ele acaba
por querer escravizar a pessoa, sem entender que amar não é exigir que o outro o
ame. Essa é que é a realidade. Lembre-se: gravitar usando os valores de baixo é perder
segurança.
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